segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Concepção de Inferno


Eu, José Manoel, mas para os amigos mais íntimos, "Zé Mané", passei por uma experiência do tipo bem desagradável e que me fez chegar à conclusão de que, se não estive no inferno, provavelmente estive em um lugar bem próximo disso.

Chegava eu de viagem domingo retrasado depois de um fim de semana no Rio de Janeiro e, como todo bom Zé Mané, tive pegar o busão pra ir pra casa assim que desembarquei no vilarejo onde moro no interior do Estado. Como um Zé Mané que se preze, sempre desavisado, não sabia que iria ter jogo de futebol com a presença de um time grande da capital no estádio local (Botafogo). Eis que em um determinado trecho do trajeto o trânsito começou a ficar lento e mais a frente, próximo ao estádio, havia um desvio de tráfego. Vou te falar, que planejou aquele esquema de trânsito alternativo não tem mãe não. Desviar o fluxo de veículos de uma rodovia para umas ruazinhas que mal passam carros, e em mão dupla ainda por cima, foi de uma burrice tremenda.

Pois muito bem, passado o desvio, começou a meu sofrimento. Em um trajeto que levo geralmente de 30 a 40 minutos, levei quase 2 horas pra chegar em casa, isso porque em um determinado momento o trânsito deu um nó pelas ruazinhas por onde foi feito o desvio. Ninguém ia, ninguém vinha.

Dentro do ônibus estava um calor insuportável e eu, já cansado de viagem, com mochila pesada, como todo bom Zé Mané, estava em pé. Começou a entrar no ônibus um cheiro horrível de carne queimada (porque pobre adora "queimar uma carninha, de segunda" em dia de domingo).

Já estava ruim, não é? Pois começou a ficar muito pior. Um infeliz que participava do churrasco abriu o porta-malas do carro (aqueles adaptados, com caixas de som enormes no porta-malas) e colocou um pagode numa  altura de doer os tímpanos. Achei que pior do que estava não ia ficar mas, como todo Zé Mané que se preza, quebrei a cara. Do outro lado da rua começou uma histeria coletiva no culto de uma dessas igrejas evangélicas que têm aos montes por aí. O povo gemia, gritava, girava e "queimava o capeta" (como se já não bastasse a carne de segunda queimada no churrasco com pagode ensurdecedor).

Já estava muito ruim, não é?  Naaaaaaaaaaada!!! Para Zé Manés como eu desgraça pouca é bobagem. Mais a frente, numa cabecinha-de-porco de esquina (boteco) começou a tocar um funk horroroso (estou sendo redundante, lógico, todos os funks são horrorosos na minha opinião) e alguns frequentadores do local começaram a "dançar" no meio da rua. Pareciam que estavam possuídos por alguma entidade e, por um instante, achei que os "queimadores de capeta" da igreja evangélica tinham algo a ver com aquilo também.

Aí veio o golpe de misericórdia! Os motoristas já irritados com a paralisação do trânsito começaram a buzinar, todos ao mesmo tempo. Fechei os olhos e comecei a conversar com Deus.


"Por que me abandonastes? Por que me jogastes as feras? Por favor, me faça acordar deste pesadelo em casa, na minha cama!" 

Abri os olhos e estava no mesmo lugar. Comecei a ficar depressivo e me deu até vontade de chorar. Nunca mais saio de casa em dia de jogo no estádio local!

Também cheguei à conclusão do motivo pelo qual aquela região para onde foi desviado o trânsito tem o nem de "Fronteira".

É A FRONTEIRA DO INFERNO!!!


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Diário de Émi*

Eis que acordo linda e bela e quando olho ao meu lado, tem um diário aqui em cima da cama. Não me lembro  se eu comprei, se me deram ou se tomei de alguém. É pedir muito também que eu lembre de tudo que ocorreu a mais de 24 horas, né?

Enquanto espero o serviço de quarto do hotel trazer a vodca, quer dizer, o café da manhã que pedi, vou começar a escrever nesse troço. Vou começar narrando minha estadia pelo Brasil.

Em primeiro lugar, ô lugarzinho quente da p%@*#rra! Não há como ficar aqui sem uma garrafinha de cerveja gelada do lado. Depois falam que só ando alcoolizada. Também pudera!

Além do calor, outra coisa que me aborrece é o assédio insuportável de fãs e fotógrafos. Não posso nem ir na piscina sem que não tenha alguém querendo tirar uma foto desse meu corpinho. Quando estou no quarto não é melhor. Ficam uns desocupados histéricos embaixo da minha janela no hotel e se apareço na sacada eles começam a gritar como uns desesperados. Meu Deus! Alguém tem que avisar a eles que eu acordo chapada e não surdaaaaaa!

Falando em irritação, cadê a m*#*%rda da vodca que eu pedi?

Com relação aos shows em que fui obrigada a comparecer, o primeiro, num vilarejo chamado Florianópolis, não gostei muito. Cheguei lá e só tinha água pra beber. Um sacooooo! Poxa, lembrei as letras de todas as músicas do meu repertório e fiz um show de 2 horas! Ai, ninguém merece! Por isso mesmo quando terminei o show voltei direto para o Rio de Janeiro.

Cadê minha vodca p*#*#rra!

Os demais shows foram normais. Pude bebericar uma cervejinha entre uma música e outra. Eu só não entendo porque as pessoas, que só reparei que estavam ali depois de meia hora de show, ficam gritando quando, às vezes, no meio de uma música eu paro para fazer uma reflexão sobre o que estou cantando. Depois ainda saem me caluniando dizendo que esqueço as letras das músicas durante o show porque estou chapada. Quer saber? Larguei o microfone em um dos shows e fui embora. Ah! Vão se catar!

Vou ficando por aqui. Já  to p#*%ta da vida com a demora do serviço de quarto. Detesto essa sensação de sobriedade, me faz voltar ao mundo real. Tá doida! 

- Alô! É do serviço de quarto? Por que até agora o c*#%ralho da vodca que eu pedi ainda não chegou?

*Émi Uainirauze é uma estrela (de)cadente pop brilhantemente medíocre e de vários talentos. O principal deles é o de auto-destruição, mas ela não tá nem aí.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A história de um menino no meio do caos

Eu, José Eurípedes*, repórter bisbilhoteiro de plantão, encontro-me na região serrana do Estado do Rio de Janeiro fazendo a cobertura dos estragos causados pela chuva dos últimos dias.

O que vejo não é agradável aos olhos. Destruição por todos os lados, como se uma tsunami tivesse passado por aqui e arrastado tudo que estivesse pela frente. É difícil até de acreditar que aqui existia um vilarejo com pessoas vivendo, trabalhando, etc. O cenário é de caos, muito lixo, carros retorcidos, árvores arrancadas pela raiz, pedaços de alvenaria das casas que desabaram e lama, muuuuuuuita lama. A desordem é tanta que é difícil dizer se onde estou andando era uma rua o se era algum terreno no qual anteriormente existia uma construção.

Não chove mais. As únicas gotas que vejo cair agora são as lágrimas de sofrimento de quem constata que, depois de uma vida inteira de sacrifício, vai ter que recomeçar do zero. Reconstruir sua casa, sua família, sua vida. Tento entrevistar alguém mas ninguém quer ou não consegue falar. Depois de tanto andar encontro um menino sentado na beira de que sobrou de uma calçada, com o olhar perdido e um semblante de profunda tristeza. Me aproximo dele e pergunto:

- O que você faz sozinho aqui, no meio desta confusão?

- Minha irmazinha foi embora - responde o menino.
.
- E para onde ela foi? - pergunto eu.

- Ela foi embora com minha mãe - responde novamente o menino.

- E onde está sua mãe agora? - pergunto eu novamente

- Ela foi embora com meu pai - responde o menino sem sequer alterar o semblante.

Já intrigado, continuei perguntando.
- Então me diga. Onde está o seu pai agora?

E o menino respondeu.
- Meu pai foi embora junto com a casa.

Achei melhor parar de fazer perguntas...


*José Eurípedes é repórter bisbilhoteiro que procura desesperadamente um furo de reportagem mas que, até agora, os únicos furos que conseguiu foram os das solas de seus sapatos de tanto andar.


domingo, 2 de janeiro de 2011

Seja bem vindo!

Olá!
Sejam bem vindos ao "Crõnica (Mal)dita. Este blog, como diz o texto de apresentação, é um espaço para comentar fatos do cotidiano de forma "apimentada" e divertida. Aos que acompanhavam o "Diário de Bordo do Fer" notarão uma ligeira maneira na forma de escrever, de modo mais impessoal e que me exponha menos.

O blog ainda está em construção. Estou usando esse layout básico até ter uma identidade visual que solicitei a um web designer amigo meu. Pelo menos terei como atualizar enquanto o formato final não fica pronto.

E por enquanto é só. Espero em breve ter minha primeira história pra contar e espero que gostem.

Um abraço a todos que visitarem.

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Apenas um blog com textos de um cara que se acha cronista e pensa que, no meio de seus devaneios, escreve alguma coisa que preste...hehe

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Espaço destinado a publicar crônicas sobre fatos cotidianos mas, claro, com uma pitada de humor ácido. Nada de resenhas convencionais porque crítica maneira é aquela cujo veneno escorre pelo canto da boca.

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