ME GUSTA muito saber que o futuro da música não está completamente perdido. Foi com satisfação que vi a consagração de Adele no Grammy 2012. Há algum tempo venho querendo dedicar um post a ela mas faltava a oportunidade. Agora não falta mais.

Está se tornando cada vez mais raro despontar no mercado atual da música alguém que saiba realmente cantar ao vivo e não somente em estúdio ou apoiado por um poderoso playback. Já estava começando a achar que o futuro da música seria esse, mas graças a Deus me enganei.

Além do talento, outra coisa que chamou a atenção foi a forma como ela surgiu na mídia. Adele não "estourou" primeiro nas rádios ou na TV. Ela despontou primeiramente nas redes sociais, pois eu já conhecia o trabalho dela pela Internet muito antes dela começar a ter suas músicas e clipes reproduzidos, pelo menos aqui no Brasil.

Enfim, foi uma grata surpresa o surgimento e o sucesso de Adele. Torço para que ela continue nessa trajetória de vitórias e não se perca em vícios como bebida e outras drogas, assim como acontece com as divas pop hoje em dia.

Sinceramente, estou ficando cada vez mais depressivo quando leio ou assisto ao noticiário sobre o que acontece no Brasil. A coisa tá cada vez mais feia.

É corrupção, é impunidade, é violência, é descaso com saúde e educação (com consequente alienação da maioria do nosso povo), é homofobia, é racismo, é carga de impostos excessivas sobre a população, e tantas outras coisas que se eu fosse citar aqui levaria horas para terminar este post.

O que me deixa mais triste é que isso não é de hoje. Há tempos é assim e não vejo a médio e longo prazo perspectiva de melhora do quadro atual. Para exemplificar o que quero dizer, basta prestar atenção nas letras das músicas que estão nos vídeos que colocarei logo abaixo. São músicas da década de 80/90 mas que se fossem lançadas hoje, ainda sim seriam atuais.

Infelizmente....







Tudo bem que os vídeos são toscos, mas o que vale são as letras. É uma pena que Renato Russo tenha morrido e que o Léo Jaime se limite agora a cantar marchinhas em um programa Global de futilidades sobre sexo.

Mas, fazer o quê?

O tema para este post me foi sugerido e, como se pode ver na ilustração acima, não se trata da derrubada de mais uma árvore (o que por si só já seria triste), mas de um acontecimento sério, para não dizer grave, ocorrido no dia 22 de janeiro deste ano.

Me refiro ao processo de reintegração de posse ocorrida na localidade conhecida como "Pinheirinho", situada em São José dos Campos, no interior do estado de São Paulo. Eu fiquei impressionado como um assunto de tão grande relevância não recebeu o destaque merecido da imprensa oficial e o pouco que se viu contava apenas a versão de um lado da história, a do lado do "poder oficial instituído" amparado pela nosso sistema judiciário.

O que se viu lá foi mais uma vez foi o interesse econômico, amparado pelo Estado, sobrepujando o interesse coletivo. Por mera especulação imobiliária milhares de famílias foram arrancadas de suas casas graças a um simples pedaço de papel chamado "decisão judicial". Mais uma vez se viu a lei do mais forte prevalecer sobre o lado mais fraco. Mais uma vez a força policial (no qual fica registrado aqui, que estava apenas cumprindo ordens de seus "patrões") foi usada contra cidadãos indefesos para benefício do interesse da burguesia dominante.

Até quando o interesse econômico virá antes do interesse coletivo? Onde estão as tão faladas (e só faladas) reformas agrária e habitacional? O que acontecerá com as famílias que tiveram suas casas demolidas com todos os seus pertences dentro?

A resposta na verdade já sabemos, a "solução" é sempre a mesma. O governo inventa um cadastramento, joga as famílias naquelas tendas improvisadas e lhes dá uma esmola que agora tem o nome de "aluguel social" para calar-lhes a boca até que o assunto, junto com as famílias desabrigadas, caia em total esquecimento.
A lição que tiramos deste triste episódio é que as únicas "Lei", "Ordem", "Justiça" e "Paz" que a popualção expulsa do Pinheirinho conhece são àquelas que são impostas a elas (e à maioria da população brasileira).

E assim será por muito tempo.....